segunda-feira, 17 de agosto de 2015

ROTINA



Mais um dia nublado na São Paulo que nunca para. Marcelo acorda, às 5 horas, e toma seu café morno. Se esquentá-lo mais, perde o ônibus das 6. Um banho pra acordar de fato. Abre a porta de casa, acaricia Fred, seu cachorro, e vai para o ponto de ônibus. Acende um cigarro à espera do “175″.

Naquele horário, o “176″ passa a cada 4 minutos. Já o “175″, que ele espera ansiosamente, só de 10 em 10 minutos. Enfim, o ônibus chega. Como quase todos aqueles que ali estão, já conhece do motorista à senhora sentada no último banco fazendo crochê. Aperta daqui, empurra dali, e ele acha um lugarzinho confortável pra ficar, junto, é claro, de mais 5 ou 6 pessoas em 1 metro quadrado. A chegada ao serviço não é tão traumática. Chega suado, um pouco cansado, com a roupa amarrotada, mas isso é detalhe.

Desce feliz; cumprimenta o porteiro do prédio; espera o elevador; se aperta novamente, mas nada muito complicado pra quem acabou de tomar o “175″; sobe os 12 andares até a sala onde trabalha; entra na sala soltando um sonoro ‘boooom dia a todos’; e senta na sua linda mesa. Ahh! Essa é a melhor parte. Ele, Marcelo, é um cara bem sucedido. Tem sua mesa, seu computador, suas gavetas. Seu chefe não enche o seu saco, sabe que é importante para a empresa. Tem, é claro, suas obrigações, mas quem não as tem? Seu salário é bom para os padrões atuais. Talvez, por isso, Marcelo trabalhe lá há 12 anos. 

Ao sentar-se em sua mesa e ligar o computador, abre seu e-mail e sua agenda do outlook. Dia cheio: reunião às 10 horas; relatório financeiro para entregar às 16h. Em meio a isso, o almoço. Quinta-feira, dia de macarronada com frango. À tarde a hora parece passar mais devagar. Um cafézinho no corredor. Uma conversa com um colega do outro andar. Assunto? Geralmente os mesmos: o futebol do final de semana ou a política no país. 

Hora de ir embora. Por incrível que pareça, o ônibus parece ser mais lotado essa hora. Mas ele já se acostumou. Na chegada em casa, acaricia Fred, seu cachorro, e vai para dentro de casa. Um banho quente. Um café morno. Se esquentá-lo mais, perde o Jornal Nacional. Depois do noticiário, uma comida requentada. Hora de ir pra cama e pensar no relatório financeiro que tem que entregar no dia seguinte, às 10h, e da reunião, às 16h. Coloca o relógio para despertar e pega no sono. Quando menos espera, o relógio desperta. Mais um dia nublado na São Paulo que nunca para.

#FALADA Caio Lafayette

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