segunda-feira, 17 de agosto de 2015

MEU LUGAR



A brisa me toca. E atinge lugares que eu blindei.
Suas pegadas ainda estão aqui.
Eu mudei. Um inverno me arrancou as flores, mas me mantive árvore. Forte. Maior. Imponente.
Criei raízes que me impedem de ir para o mar. Arranquei meus olhos, mas é como se eu pudesse te sentir suavemente a me puxar. Como o mar.
A neblina consegue esconder mil montanhas. Seria bom se ela pudesse apagar – esconder – algo tão grande como você.
E a brisa, que agora já é vento, destrói prédios dentro de mim. Como um vento tão forte, não pode tirar as suas pegadas daqui?
O tempo me moldou, me mudou. Aquela chuva mantém úmida a minha alma e frio o meu coração. 
Eu arranco minhas flores, me pinto de cinza. Te afasto daqui.
Mas ainda sou árvore. Tenho a impressão de que ainda terei flores. 
E por mais que eu lute contra isso, irrefutavelmente, tudo voltará ao seu lugar.
E você ainda é meu lugar. 

#FALADA Núria Vanessa

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